28 de março de 2013

As Três Verdades Que Solucionam a Crise Financeira


I Rs 17:8-16

Diante da dificuldade a pobre viúva precisou exercitar a sua fé; só assim ela pode conhecer a Deus que acabou fazendo manifesto o seu poder na vida dela.

1. Quando há muita comida não é fácil sentir necessidade de Deus e nem de exercitar a fé.

2. Quando há comida suficiente não tanto problema se faltam outras coisas, como carro, casa, móveis. A falta de comida na cozinha é o limite da esperança e da vida humana.

3. Quando falta comida o desespero bate à porta, onde encontrar solução? É o que muitos se perguntam, pois a população humana caminha para nove bilhões, previsto para 2043, segundo a ONU. Mantendo os padrões atuais de consumo e as previsões para os próximos anos, os fazendeiros terão de elevar em 60% a produção de grãos para não aumentar o número de pessoas que passam fome no planeta. Isso revela um futuro de fome.

I. A CRISE  É UM BOM MOMENTO PARA DESENVOLVER A FÉ – I Rs 17:8-14

1. Realidades que conduzem à crise:

a) Perder o marido e com ele o único meio de sustento: A mulher de Sarepta era viúva com um filho para sustentar.
b) Perder todos os meios de obter recursos para adquirir alimento: A terra estava tão seca que nada produzia.
c) Perder a esperança e alguém pedir tudo o que restou para preservar a vida por alguns dias: Elias apareceu e pediu água e pão à viúva pobre, era tudo o que lhe restava.

2. Palavras que dão esperança em meio à crise:

Elias fala àquela mulher desesperada palavras que revigoram suas esperanças. A palavra de Deus é forte o suficiente para levantar os abatidos e aflitos.

3. Atitudes que derrotam as crises:

Apesar de ter sido pagã desde sua infância, vivendo sob a influencia da religião de Baal e Astarté exerceu fé nas palavras de Elias e fez bolo como ele pediu. 


II. A CRISE  É UMA OPORTUNIDADE DE CONHECER A DEUS – I Reis 17:14-15

1. Deus é provedor dos alimentos: Todos os dias que pegava nas panelas para cozinhar, a viúva lembrava das palavras do profeta: “A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará”. Deus proveu comida, pois ela creu. Desde as trevas do paganismo surgiu a viúva com uma fé suficiente para libertá-la da crise e da miséria extrema para viver milagres sem precedentes; assim também pode acontecer com você, que exercer um pouco de fé no Deus todo poderoso. 

2. Deus preserva a vida dos que se rendem a Ele: Todas as vezes em que cozinhava, a viúva entendia que devia exercitar sua fé em Deus que supre todas as necessidades vitais. Devemos aprender que fé é crer quando o sentido comum nos diz para não acreditarmos. 

3. Deus age em meio às crises da cozinha: Deus agiu quando a viúva agiu com fé em Suas palavras. A maior demonstração de fé não está em acreditar em idéias absurdas e crenças irracionais, mas conhecer a Deus a ponto de confiar plenamente nEle. Assim, esta fé experimentará milagre até na cozinha. 

III. A CRISE É OPORTUNA PARA DEUS REVELAR SEU PODER – I Reis 17:15-16

1. Deus não revela Seu poder só na igreja: A igreja é um lugar onde as pessoas que recebem bênçãos de Deus em sua vida vão para prestar culto e adoração por tudo o que Ele é e faz na vida de quem tem fé. 

2. Deus não revela Seu poder apenas em questões espirituais: Deus é Criador do mundo e o Criador de nosso corpo com necessidades físicas, portanto, como provedor está tão disposto a suprir nossas necessidades físicas tanto quanto as espirituais.

3. Deus revela Seu poder até mesmo na cozinha: Deus não está limitado ao tempo, nem ao espaço. Por isso, Elias, a viúva e seu filho comeram do pão do milagre todos os dias. Embora sem condições de cumprir a vontade de Deus de sustentar o profeta Elias, ela se dispôs a exercer fé. Assim, no limite da vida é que a fé entra em ação para ver que é Deus quem provê sustento. 

4. Deus permite, muitas vezes, que as pessoas cheguem ao limite da incerteza a fim de que aprendam a confiar inteiramente nEle: Quando não falta nada o ser humano fica tão satisfeito que chega a pensar que não precisa de mais nada, nem mesmo de Deus; para que se exerça fé Deus permite que situações desafiadoras nos levem a depender d`Ele. 

5. Deus não precisa de pessoas importantes e ricas para uma missão, mas de pessoas humildes e cheias de fé: Para sustentar Seu servo Deus providenciou não alguém provido de muitas riquezas, mas uma mulher viúva, que procurava gravetos para a última fogueira, que prepararia a última refeição para si e seu filho; e, depois esperaria morrer de fome. A fé é mais valiosa que as muitas riquezas! 

6. Deus abençoa aqueles que colocam as necessidades dos outros acima das suas próprias necessidades: Imagine como foi difícil para aquela viúva que, durante muitos dias economizou comida, compartilhar o último bocado com um estrangeiro desconhecido. Todavia, sua atitude demonstra a todos que é possível fazer mais para Deus tendo fé sem recursos, do que recursos sem fé.

7. Pela fé confie em Deus a ponto de obedecer-Lhe mesmo quando as circunstâncias provam que desobedecer parece mais lógico.Se você está passando por dificuldades ore a Deus e passe a depender inteiramente dele pela fé, pois os milagres certamente irão surgir e abençoar a tua vida para glória de Deus, amém!

Autor: Jânio Santos de Oliveira 

1 de março de 2013

O Dízimo à Luz das Escrituras Sagradas



Neste artigo, o autor argumenta que os 10% (dez por cento) dos salários e das rendas dos fiéis entregues sistematicamente às igrejas não são dízimos, biblicamente falando. Segundo ele, “a doutrina do dízimo como ensinada hoje em nossas igrejas constitui um atentado contra a verdade.”
Não pode haver maior equívoco do que presenciar em nossas igrejas pessoas sinceras colocarem uma certa quantidade de dinheiro dentro de um envelope, valor correspondente a 10% de seus ganhos e saírem satisfeitas, com a consciência aliviada, achando que deram ou devolveram o dízimo ao Senhor. Elas precisam aprender o que significa dízimo. Biblicamente falando. Somente e tão somente à luz da Bíblia.
Gostaria pois de solicitar que o amigo orasse a Deus por iluminação sem nenhuma pré concepção e pusesse sua Bíblia do lado para conferir se de fato é assim, como se afirma.
A palavra “dízimo” foi traduzida do original hebraico “ma’aser”, que significa a décima parte, ou dez por cento.
Em primeiro lugar temos de saber se estas pessoas que receberão o dízimo são dignas e merecedoras disto por viverem plenamente a Verdade Presente, caso contrário o dinheiro estaria servindo não para um representante de Deus e sim para alguém camuflado e secretamente servo de Satanás. Por que Jesus disse: “quem comigo não ajunta, espalha.” A verdade presente se caracteriza pela paciente guarda de todos os Mandamentos de Deus e pela santa harmonia com o Testemunho de Jesus. (Ap 14:12: 12:17; 19:10)
Tentemos exercitar o conselho da pena inspirada da Sra. Ellen White:
“Quando os inimigos apelavam para os costumes e tradições, ou para a autoridade do papa, Lutero os enfrentava com a Bíblia, e com a Bíblia unicamente.” EGW, GC, 132. E ainda “Há em nosso tempo um vasto afastamento das doutrinas e preceitos Bíblicos, e há necessidade de uma volta ao grande princípio protestante – a Bíblia, e a Bíblia só, como regra de fé e prática.” EGW, GC, 204, 205.
Em segundo lugar dízimo na Bíblia nunca está relacionado a dinheiro. Nunca. Nunca. Dízimo sempre está relacionado a comida, alimentos, produção agropecuária. Exceção ao caso de Abraão, que dizimou o despojo de guerra.
Não que não houvesse dinheiro nos tempos Bíblicos. Algumas taxas para o Templo só eram aceitas em forma de dinheiro (Ex 30:14-16 e 38:24-31). O dinheiro era utilizado para comprar sepulturas (Gn 23:15-16). O dinheiro era usado para comprar bois para serem oferecidos em sacrifícios (2Sm 24:24). Era utilizado para pagar tributos vassalos (2Rs 23:33,35). Era utilizado para comprar imóveis (Jr 32:9-11). Para pagar salários (2Rs 22:4-7). Para fazer câmbios da moeda (Mc 11:15.17). O próprio Jesus foi vendido por dinheiro.
Entretanto, Deus estabeleceu que as pessoas ligadas à produção agropecuária deveriam trazer os dízimos. Mas, nem todos trabalhavam plantando ou criando gado. Entretanto, a Bíblia fala de várias outras atividades profissionais não ligadas a agropecuária:
         Artesãos (Ex 31:3-5; 35:31-35; 2Rs 16:10);
         Padeiros (Gn 40:1-2; Jr 37:21; Os 7.4);
         Carpinteiros (2Sm 5:11; 2Rs 12:11; 2Cr 24:12; Ed 3:7; Is 44.13; Mt 13:55;
         Cozinheiros (1Sm 8:13; 9:23-24);
         Guardas (2Rs 22:4; 25:18; 1Cr 15:23-24; Jr 35:4);
         Pescadores (Is 19:8, Jr 16:16; Ez 47:10; Mt 4:18:13:48; Lc 5:2);
         Mestres-de-Obra (Rt 2:5-6; 1Rs 5:16; 2Cr 2:2,18; Mt 20:8);
         Ourives (Ne 3:8, 31-32; Is 40:19; 41:7; Jr 10;9);
         Caçadores (Gn 10:9; 25:27; Jr 16:16);
         Mercadores (Gn 23:16; 37:28; 1Rs 10:15; Ne 13:20; Mt 13:45);
         Músicos (1Rs 10:12; 1Cr 6:33; 9:33; 2Cr 5:12);
         Alfaiates (Ex 28:3; 35:25-26; 2Rs 23:7; Pv 31:19; At 9:39);
         Coletores de impostos (Dn 11:20; Mt 10:3; Lc 5:27).
Agora, onde está escrito na Bíblia que estes trabalhadores pagavam dízimos? Uma vez que os dízimos eram oferecidos somente em forma de grãos, ovelhas, gado, conseguimos imaginar os profissionais acima comprando bois, vacas e cereais para participar da entrega dos dízimos? Onde está escrito na Bíblia que eles procediam assim? Se eles não produziam este tipo de riqueza não seria uma incoerência exigir deles dízimos de coisas que não eram legitimamente frutos de suas ocupações? Não há nenhuma citação Bíblica de que os frutos do trabalho podiam ser cambiados ou compensados por ovelhas ou grãos a fim de se cumprir o procedimento dos dízimos. Seria pelo fato da nação de Israel ser de economia essencialmente agropastoril nos tempos da instituição do dízimo que regulamentação deste não focava estas outras classes de trabalhadores ou seria por serem de fato isentas do pagamento deste já que eram atividades trabalhistas perfeitamente conhecidas naquele tempo?
O fato é que a Bíblia não menciona a regulamentação destas outras classes como devedoras do dízimo.
Outra coisa é que nem sempre as pessoas eram pagas por sua atividade laborativa com dinheiro. Jacó trabalhou 14 anos para Labão e recebeu duas esposas como pagamento. Recebeu também ovelhas e bodes mais tarde. (Gn 29:15-30 e 30:32). Aqui o foco é mostrar que alguns profissionais recebiam seus salários em dinheiro como acontece hoje. Em 2Rs 22:4-7 vemos os reparadores do Templo recebendo seus salários em dinheiro. Quem eram os reparadores do Templo? Carpinteiros, construtores, artesãos, pintores.
Em 1Sm 13-19:21 temos ferreiros ganhando seus honorários também em forma de dinheiro. Isto mostra que esta prática era conhecida e utilizada. E o que dizer das parábolas de Mt 20:1-2 e Lc 10:34-35 quando Jesus cita trabalhadores recebendo seus salários numa época em que os fariseus continuavam a dizimar o endro, hortelã e o cominho (alimentos, como vemos)?
É certo então afirmar que a sociedade mudou? É correto afirmar que nos tempos Bíblicos todas as pessoas tinham ovelhas, bois e grãos para dar ao Senhor e que hoje em dia nosso dinheiro faz esta correlação? Não. Não cremos nisto!
Dinheiro já existia desde os tempos de Abraão. Salário, comércio, negócios sempre existiram. Nos tempos antigos haviam variadas profissões e ocupações como hoje. Se o dízimo tivesse sido estabelecido sob a forma de dinheiro, ninguém teria dificuldade de adorar a Deus desta forma. Mas não foi assim que Deus quis.
Dízimo na Bíblia é sinônimo de alimento.
Ofertas podiam ser trazidas em forma de dinheiro (2Rs 22:4-7). Mas, quando o assunto era dízimo, somente ovelhas, bois, grãos, comida. Dinheiro nunca!
Por este motivo, em nos nossos dias, o dízimo como fomos doutrinados a conhecer como tal não é dízimo, biblicamente falando. Seu dinheiro entregue naquele envelope não é, e nunca será um dízimo à luz da Bíblia. Foi Deus quem soberanamente estabeleceu o que é dízimo e o homem não pode mudar. Não pode mesmo!
“Todos os dízimos do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor, são santos ao Senhor. No tocante a todos os dízimos de vacas e ovelhas, de tudo que passar por debaixo da vara do pastor, o dízimo (a DÉCIMA parte) será santo ao Senhor. Não esquadrinhará entre o bom e o ruim, nem o substituirá. Se de algum modo o substituir, ambos serão santos, e não podem ser resgatados”. Lv 27:30-32.
Atenção para este fato. O dizimista não tinha que separar o PRIMEIRO para Deus, mas o DÉCIMO, o último. Os animais iam passando por debaixo da vara do pastor. O dízimo ou o décimo era separado e entregue ao Senhor. Quem tivesse nove ovelhas estava automaticamente isento do dízimo. Debaixo de sua vara só passaram nove animais. Não havia décimo. Podemos entender isto? Acontece assim hoje? Quantas modificações implantadas pelos homens!
OS DÍZIMOS DEVIAM SER COMIDOS PELOS DIZIMISTAS
Porque eram os dízimos aceitos em forma de animais e grãos? Muito simples! Vejamos os textos abaixo:
“Certamente darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que cada ano se recolher no campo. Perante o Senhor teu Deus, no lugar que Ele escolher para ali fazer habitar o Seu nome, comereis os dízimos do teu cereal, do teu vinho e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias. Mas se o caminho for longo demais, de modo que não os possas levar, por estar longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o Seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado, então vende-os e leva o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. Com esse dinheiro comprarás tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer outra coisa que te pedir a tua alma. Come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te tu e a tua família.” Dt 14:22:29.
“Trareis a este lugar os vossos holocaustos e os vossos sacrifícios, os vossos dízimos e as vossas ofertas especiais, os vossos votos e as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. Ali comereis na presença do Senhor vosso Deus e vos alegrareis com as vossas famílias por todo o bem que vos abençoar o Senhor vosso Deus. Então, ao lugar que escolher o Senhor vosso Deus... para ali trareis.... vossos dízimos”. Dt 12:6,7,11.
Os dízimos deviam ser comidos pelos dizimistas na presença do Senhor, no local que Ele ordenasse. No desespero para explicar este e outros textos onde Deus manda o próprio dizimista consumir seus dízimos, alguns teólogos, tomando por base escritos da tradição judaica, afirmam que os Judeus pagavam três tipos de dízimos. Esta tese é muito difícil de se sustentar pela Bíblia, pois a Bíblia não declara isto. Isto parece ter influenciado alguns teólogos, inclusive a Sra. White que no início juntamente com os outros pioneiros defendiam o que ela chamava de beneficência sistemática, que significava um por cento (1%) de toda as entradas. Depois a idéia dos 10 % foi abraçada. Muitos são rápidos em afirmarem que o Espírito de Profecia afirma que dízimo é somente para o sustento dos ministros. Muitos desses não aceitam, pois não vivem, outros ensinos da pena inspirada. Mas o que fazemos com os textos Bíblicos que falam que esta exclusividade é mentirosa.
Estes estudiosos dizem que os judeus davam um dízimo para sustentar as festas cerimoniais, um outro dízimo para sustentar os levitas e um outro dízimo trienal para sustentar órfãos, viúvas e os pobres em geral. Trinta por cento (30 %) do total. Uma matemática tendenciosa e absurda pois dízimo, como o próprio termo indica é 10% e não 30%! Desde quando 10 é igual a 30, matematicamente falando?
Por que, os que fazem esta afirmação, não cobram hoje também três dízimos dos seus fiéis hoje? Eles não têm respaldo Bíblico para isso! A verdade é que os dízimos no Velho Testamento não tinham apenas a função de sustentar o clero mas também contribuía para um maior equilíbrio social. Os dízimos entregues nas igrejas cristãs hoje estão a anos-luz distantes do ideal Bíblico, sendo portanto espúrio. Um verdadeiro estelionato sobre a fé alheia.
O que os textos de Levítico e Deutonômio afirmam claramente:
1) Que o dízimo deveria ser calculado sobre o fruto das semente, cereal, vinho, azeite, vacas e ovelhas.
2) Que o dizimista deveria comer seus dízimos no lugar em que o Senhor indicasse.
3) Que o dizimista poderia vender o dízimo e com o dinheiro apurado comprar o que desejasse comer e beber a sua alma. Mas, nada de levar dinheiro à presença do Senhor! Se alguém não pudesse transportar os dízimos em forma de alimentos, bois e vacas, deveria vendê-lo e com o dinheiro apurado comprar outras coisas para comer, beber e se alegrar.
4) Que o décimo animal (não o primeiro) deveria ser separado para o Senhor.
Alguns teólogos hoje, tomando o texto de Pv 3:9, tentam incutir na mente do povo que devemos dar primeiro para Deus. Nada contra se fizermos isto. A Bíblia diz “ao que Me honra, honrarei Eu”. 1Sm 2:30. Mas, precisamos entender que biblicamente o termo “primícias” está ligado a qualidade e não a seqüência quantitativa. Tanto é verdade que A Biblia na Linguagem de Hoje traduziu este texto de Pv 3:9 assim: “Adore a Deus, oferecendo-lhe o que a sua terra produz de melhor.”
5) Que deveriam dar o dízimo “quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado”. Dízimo na Bíblia sempre aparece numa escala crescente. De lucros, de ganhos, de bênçãos, de aumento de renda. Nunca num ambiente decrescente, de prejuízos, de recessão, de pouco dinheiro. “Todo o bem que vos abençoar o Senhor vosso Deus.” “Quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado”. A Bíblia diz que quando um israelita era abençoado, nesta situação deveria ele trazer dízimos ao Senhor. Observamos que Abraão também deu dízimos sobre um aumento de rendas. Jacó fez um voto a Deus sob a mesma base. Se e quando fosse abençoado pagaria dízimos.
6) Que era dizimável o aumento de renda das bênçãos advindas da agropecuária. O que observamos na Bíblia e é que nenhum texto diz que lucros sobre outras atividades produtivas deveriam ser dizimadas.
7) Dízimos poderiam ser utilizados para fazer caridade. (Dt 14:28-29).
Observemos o próprio Deus condenando a forma como a prática do dízimo seria efetuada. Em 2Sm 8:17 Ele avisa ao povo de Israel, através do profeta Samuel, que a escolha em mudar o sistema de governo para monarquia levaria o novo rei a cobrar o dízimo sobre o rebanho como faziam os reis pagãos. O texto apresenta o assunto do dízimo num contexto pejorativo junto com outras práticas condenáveis: “Tomará as vossas filhas” (Verso 13). “Tomará o melhor das vossas terras” (Verso 14). “As vossas sementes e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais e aos seus servos” (Verso 16). “Dizimará o vosso rebanho” (Verso 17). Como vemos na Bíblia o dízimo criado pelo homem é falso. Aqui está condenado o ato de coerção. Da obrigatoriedade do dízimo. Da taxa dizimal.
A Bíblia fala de um só dízimo. O Pentateuco não cita “primeiro dízimo”, “segundo dízimo”, “terceiro dízimo”. Fala de três destinos. Três aplicações. Três usos:
1) O dízimo podia ser comido pelo dizimista.
2) O dízimo deveria socorrer órfãos, viúvas e necessitados.
3) O dízimo deveria sustentar os levitas.
OS DÍZIMOS DEVERIAM SUSTENTAR OS LEVITAS
Uma coisa a observar é que todos sacerdotes eram levitas, porém nem todo levita era sacerdote. Poderíamos até dizer que a maior parte dos levitas não eram sacerdotes.
Em Nm 18:23, 24, 31 lemos: “Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação, e levarão sobre si a sua iniquidade. Este será estatuto perpétuo pelas vossas gerações. No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, dei-os por herança aos levitas, pois eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Vós e a vossa casa o comereis em todo o lugar, pois é vosso galardão pelo vosso serviço na tenda da congregação”. Um estatuto perpétuo que não mais existe, pois não há mais levitas (da família de Levi, filho de Jacó). O dízimo também era um estatuto. (Dt 12:1).
A primeira coisa a se observar neste texto tão utilizado pelos teólogos hoje, é que os dízimos, destinados a sustentar os levitas, eram dados ao Senhor como oferta alçada. A explicação para isto é que a Bíblia condena a coerção nos destinos dos dízimos. (1Sm 8:16-17; Is 1:11-17; Am 5:21-25; 8:10,11). Não havia nenhuma obrigatoriedade sistemática. Havia uma beneficência sistemática. A Bíblia não afirma que o destino dos dízimos era exclusivamente para o sustentar o clero.
Um segundo passo é notar que esta ordenança de Nm 18 foi dada no deserto. Quando Moisés começa a escrever o que lemos em Deuteronômio (que aliás, significa “A Repetição da Lei”), ele já está no final dos seus 120 anos de vida. Ele diz: “São estes os estatutos e juízos que cuidareis de cumprir na terra que o Senhor, o Deus de vossos pais, vos destinou como possessão, todos os dias que viverdes na terra”. Dt 12:1.
Deste ponto em diante aparecem as outras opções do uso do dízimo autorizando o dizimista a comer seus próprios dízimos ou dá-los aos necessitados. Interessante notarmos que nesta época os levitas, representantes do clero, estavam em igualdade social com os excluídos, os órfãos, as viúvas e os pobres. Havia uma identificação do clero com as pessoas humildes. Pertenciam ao mesmo padrão social. Hoje os ministros andam de automóveis, último modelo importados, moram em mansões, e se hospedam em hotéis cinco estrelas. Etc. etc. (Como são diferentes de Jesus!).  Por outro lado, a maioria dos dizimistas andam de ônibus, e ganham salário mínimo. O dizimista não pode auditar seus trabalhos, pois este ministro é empregado, de uma associação e não da igreja que dizima, uma perversão tão absurda quanto estúpida).
Portanto, havia um só dízimo com aplicações diversificadas. Não eram dízimos adicionais. A teoria dos três dízimos é invenção da tradição judaica.
Podemos também constatar que com o passar do tempo os dízimos foram tomando destino exclusivo para os levitas. No segundo Templo, após o cativeiro, já se observa uma institucionalização acentuada conforme narrada em Ne 10:38-39; 13:10-12.
Após o cativeiro Neemias faz algumas modificações. Não nos princípios da Lei de Moisés, mas na regulamentação dela. Talvez, devido a situação financeira caótica do pós-exílio ele reduz o valor da taxa do Templo que era de meio siclo (Ex 30:12-16) para um terço de siclo (Ne 10:32, 33). Ele também implementa outras regras novas.
Deve-se levar em conta que Neemias era um restaurador. Reconstrutor de uma sociedade cuja religião funcionava sobre pilares cerimoniais. O que ele faz então:
  • Reduz a taxa do Templo. (Ne 10:32, 33).
  • Organiza para que os dízimos sejam trazidos ao Templo (A casa do tesouro) para sustentar os levitas (Ne 10:37) – (Ler todo o capítulo 10 sobre a “Aliança do Povo” – um verdadeiro pacto de reforma da sociedade Israelita pós-exílio).
  • 90% da população morava agora em outras cidades. Fora de Jerusalém. Neemias precisava regulamentar o sustento dos sacerdotes e levitas que viveriam na capital Jerusalém.
  • Os judeus continuariam trazendo seus dízimos em forma de alimentos. Frutos das suas colheitas. Nenhum sistema de pagamento de dízimos em dinheiro foi instituído pelo reformador. (Ne 10:35).
Com já vimos nem todos os levitas eram sacerdotes. Alguns eram:
  • Professores (Dt 24:8; 33:10; 2Cr 35:3; Ne 8:7).
  • Juizes (Dt 17:8-9; 21:5; 1Cr 23:4; 2Cr 19:8).
  • Trabalhadores da Área de Saúde (Lv 13:2; 14:2; Lc 17:14).
  • Cantores e Músicos (1Cr 25:1-31; 2Cr 5:12; 34:12).
  • Escritores e Bibliotecários (1Cr 2:55; 2Cr 34:13).
  • Arquitetos e Construtores (2Cr 34:8-13).
Portanto não há respaldo Bíblico, para os que defendem que o dízimo deve ser destinado apenas para o sustento dos pastores, os sacerdotes modernos. A Bíblia inclui na lista de profissionais merecedores do dízimo, outros trabalhadores da igreja como: músicos, cantores, zeladores, construtores, diretores da escola sabatina, anciãos.
Mesmo porque nos tempos de Jesus nem todos os levitas trabalhavam no Templo. Havia organização de turnos. E por sorteio, o caso de alguns só irem ao Templo duas vezes no ano ou mesmo em toda a sua vida. Vemos o caso de Zacarias. O “pico” das atividades acontecia em época de festas. Por isso vemos as instruções de sustento do clero em Número 18 quando em atuação no Templo e em Deuteronômio 14 para os levitas que estavam espalhados nas cidades e que consumiam os dízimos, juntamente com os órfãos e as viúvas.
Como podermos ver nossos dízimos hoje não tem nenhuma correlação com o dízimo Bíblico. Não temos Templo, nem sacerdotes no Templo, nem levitas para dele cuidar. Não há sacerdócio Aarônico, nem levitas, o nosso sacerdócio é segundo a ordem de Melquisedeque do qual Jesus é o Sumo Sacerdote e todos nós somos sacerdotes. (Hb 5:5-10; 6:20; Hb 7:11-12). “De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob este o povo recebeu a lei), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.
A Bíblia diz “vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo.” (1Pe 2:5). E ainda “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1Pe 2:9).
Hoje não mais vivemos numa sociedade teocrática. A lei cerimonial acabou. Não existe mais a “Casa do Tesouro”, depósito central para aquela quantidade enorme de alimentos e animais.
Quando alguém põe num envelope 10% de seu salário, à luz da Bíblia, não está pagando dízimos ao Senhor. Muitos até por motivos duvidosos, para poder ter um cargo na “igreja”, na IASD, ou para não ser excluído, como na IASD-MR. Deveríamos chamar isto de taxa denominacional, oferta sistemática ou pacto financeiro. Mensalidades, talvez. Invenção da teologia moderna.
Tomam-se textos do Velho Testamento e através de um seqüestro cerebral, pratica-se o terrorismo espiritual, criado em base supersticiosa. Quem dá dez por cento de suas rendas para a “igreja” será abençoado. Quem não o fizer, ficará sujeito às mil maldições que lhe aguardam na próxima esquina. Às vezes, é chamado até de ladrão (como na IASD-MR).
Surge no denominacionalismo a figura do hipócrita social representando um papel que ele mesmo não crê. Líderes financistas, guardiães de um institucionalismo ferrenho, criado para perpetuar seus próprios interesses corporativistas, ludibriam multidões de sinceros.
Hoje perplexos testemunhamos este descalabro levado a cabo em nome da boa religião. A cada ação repressora acontecerá no futuro uma ação igualmente contrária. Quando? Quando a verdade libertar o povo de Deus de todas estas superstições.
A superstição se transformará. A mente humana que foi subjugada no processo de formação da crença quando se der conta do engano a que foi submetida por tantos anos cobrará. Pois “evangelista” não consagrado é indigno de viver de dinheiro sagrado.
A verdade é que o Senhor Deus não pede somente 10 % de nós, Ele pede 100 %. Nossa vida, nosso coração, nosso corpo, nossa mente, nossos filhos, nossa casa, nosso carro, nossa carteira, nosso presente, nosso futuro. Só o nosso passado Ele desprezará.
A autonomia de ditar regras e percentuais, baseadas em manipulações tendenciosas de textos bíblicos fora do seu contexto original, um dia será cassada. Quando este tempo chegar, haverá prosperidade espiritual no seio do verdadeiro povo de Deus. Amém!

 Texto de Paulo Gomes do Nascimento – Bacharel em Teologia pelo IAE de São Paulo. Modificado por Edinaldo Montarroyos – Médico pela UFPE, Pós-graduação em Cirurgia Geral no Hospital Adventista Silvestre no Rio de Janeiro e Pós-graduação em Ginecologia pela UFRJ.